quarta-feira, 25 de novembro de 2009

MÚSICA>(>(>(>(

O último movimento rock' n roll......





O começo e os nomes mais importantes
Luciana Maria Sanches


A cena grunge começou principalmente com duas bandas, o Soundgarden e o Green River, sendo este último considerado o grande pai do movimento.
Entretanto, foi a partir da separação do Green River que o grunge começou a fazer seus “encaixes”, multiplicando bandas e encorpando o movimento.
Mark Arm e Steve Turner formaram o Mudhoney. Stone Gossard e Jeff Ament entraram para o já existente Mother Love Bone. Com a morte do vocalista do Mother Love Bone, Andrew Wood, os membros remanescentes resolveram gravar um tributo em sua homenagem. Para a empreitada foram escalados outros amigos: os músicos do Soundgarden e Eddie Vedder. O projeto recebeu o nome de Temple of the Dog e teve um resultado belíssimo, como seria esperado de uma reunião de talentos incontestáveis.
Daí para a formação do Pearl Jam foi um pulo. O recém-chegado Vedder (vocal) uniu-se a Jeff Ament (baixo) e Stone Gossard (guitarra) e juntos recrutaram Mike McCready (guitarra) e Matt Cameron (bateria).
Outra grande banda que despontava era o Alice in Chains, formado por Layne Staley (vocal), Jerry Cantrell (guitarra), Mike Inez (baixo) e Sean Kinney (bateria). Formada como uma glam rock band em 87, foi se estruturando nas características do movimento e acabou sendo outro de seus maiores expoentes. Costuma-se dizer que o Alice in Chains foi a banda que teve o mundo aos seus pés e jogou tudo para o alto.
O Stone Temple Pilots foi outro grupo surgido na mesma época, sob as mesmas influências, apesar de ser de San Diego. Devido ao timbre de voz de seu vocalista Scott Weiland, a banda foi injustamente considerada no início uma cópia do Pearl Jam. Entretanto, seu primeiro álbum, Core, é visivelmente mais pesado do que as melodias preferidas pela banda de Eddie Vedder. Justiça feita, o Stone Temple Pilots definiu sua importância, mas optou por caminhos diferentes. Os álbuns que vieram a seguir, igualmente excelentes, já se afastavam bastante da ideologia e temática grunge, com pitadas de blues e jazz em sua sonoridade.
O Screaming Trees, liderada por Mark Lanegan também fez parte da cena, mas não chegou a ser um nome tão bem sucedido comercialmente quanto os outros. Obviamente, os reais admiradores do grunge não deixaram de apreciar de perto o som da banda.
Outras bandas importantes foram The Melvins e TAD.
Após o Temple of The Dog, um segundo supergrupo de Seattle foi criado mas é ainda menos reconhecido, provavelmente porque os fãs do grunge ainda tentavam digerir a morte de Kurt Cobain. O Mad Season, que tinha em sua formação Layne Staley (Alice in Chains), Mike McCready (Pearl Jam), Barrett Martin e John Saunders (Screaming Trees) adicionando elementos do blues ao grunge no álbum Above, legou uma das produções mais belas de Seattle, em 1995.
É indubitável que o Nirvana foi a banda que atraiu os olhos de todo o mundo para Seattle, no que a mídia denominou como “fenômeno grunge”, mas seria injustiça deixar de lembrar os nomes que iniciaram a cena, os que a mantiveram mesmo após a morte de Kurt (Ex: Alice in Chains - que só acabou oficialmente em 2002, com a morte por overdose de Layne Staley; Stone Temple Pilots - em vias de extinção e o Soundgarden – dissolvido em 1997) e os que ainda fazem boa música, seja lá o nome que ela receba atualmente (Ex: Pearl Jam e Audioslave – com o ex-Soundgarden, Chris Cornell
).



O Som
Grunge é uma combinação de punk e heavy metal, tendo como principais mentores dessas vertentes o Stooges e o Black Sabbath. Se as guitarras têm uma influência clara do metal dos anos 70, a abordagem das letras e a atitude foram adotadas do punk.
Pode-se fazer uma distinção entre as bandas grunge. As da primeira safra - Green River, Soundgarden e Mudhoney - têm uma sonoridade bem mais pesada do que as da segunda, que tem como seu melhor exemplo o Nirvana. A banda abusa das distorções de guitarra e dinâmica punk de tocar músicas curtas de maneira rápida.
A famosa gravadora Sub-Pop foi o epicentro inicial do movimento e ali o grunge original era mantido como se as gravações fossem feitas na garagem. Os primeiros álbuns de Nirvana, Soundgarden, Mudhoney datam dessa época e conservam uma sonoridade mais crua do que os que viriam a seguir. A produção dos álbuns ficava a cargo do famoso Jack Endino (os brasileiros do Titãs embarcaram na onda e chamaram o cara para produzir Titanomaquia, o álbum mais pesado da banda), que conservava integralmente as características musicais de cada banda.
A partir do momento em que Seattle e o grunge adquiriam importância histórica e chamavam a atenção da imprensa especializada, as bandas assinaram contratos com grandes gravadoras, caprichando mais na produção e perdendo um pouco de sua crueza original. Nevermind (leia mais aqui), o álbum mais cultuado pelos admiradores do grunge, teve sua sonoridade mais “limpa”, tansformando o grunge em um produto mais acessível comercialmente. Esse viria a ser o grunge moderno e é o que mais estamos acostumados a escutar nas rádios.


Atitude e Lirismo


A energia do punk também voltou aos palcos. Nos shows eram comuns os stagedivings e o crowd surfing, inclusive dos artistas. Eddie Vedder é o maior exemplo. O vocalista do Pearl Jam também pratica o alpinismo em estruturas do palco, escalando equipamentos de iluminação. O Nirvana não deixava nenhum rastro dos instrumentos que haviam tocado, destruindo pedacinho por pedacinho e deixando a platéia completamente em transe. A atitude punk também chegava à audiência, que dançava o pogo como os punks dos anos 70.
As letras, extremamente sensíveis, confessionais, carregadas de memórias de infância e questionamentos existenciais, são a outra metade da imediata identificação que os jovens encontraram no grunge.
Outras influências são Led Zeppelin, Aerosmith, Kiss, Cheap Trick, MC5, Neil Young, New York Dolls, Ramones, Sex Pistols, The Germs, The Heartbreakers, Flipper e artistas que fizeram a transição da década de 80 para a 90 como REM, Husker Du, The Replacements, Sonic Youth, Dinosaur Jr., Pixies e Jane´s Addiction.
O modo de se vestir
Como todo grande movimento musical, o grunge também influenciou outras esferas de consumo jovem na época.
Num contra-ataque à moda yuppie - engomadinha e elegante - dos jovens dos anos 80 e a abundância de couro e itens caros usados pelas glam rock bands, o grunge provocou uma verdadeira rebelião. Priorizando a simplicidade e a não ostentação, os artistas usavam calças rasgadas, camisas de flanela, sapatos gastos, suéters velhos e botas (Doc Marten). O cabelo emarfanhado e geralmente comprido compunham a nova imagem a ser adotada: a do anti-star, algo como anti-estrela.
Assédio da Mídia
Alçados repentinamente ao estrelato (com Nevermind batendo Michael Jackson da primeira posição das paradas), os representantes do grunge faziam o possível para manter-se distantes da mídia. Eles insistiam em dizer que faziam a música que queriam e que em nenhum momento tinham planejado ser famosos. Eddie Vedder e Kurt Cobain chegaram a ser denominados os porta-vozes da "Geração X", alcunha que detestavam.
Outro ponto forte a ser vasculhado pela imprensa da época foi, sem dúvida alguma, o relacionamento atribulado de Kurt Cobain e Courtney Love que rendeu centenas de reportagens, em sua grande maioria, sensacionalistas, invadindo totalmente a privacidade que Cobain queria manter. Não à toa, um dos motivos apontados atualmente para o suicídio de Kurt Cobain foi o incansável assédio da mídia, que sugere que Kurt não queria ser o herói de absolutamente nada e que, numa atitude desesperada, tenha posto fim à própria vida.
Eddie Vedder e o Pearl Jam usaram inúmeras estratégias para conseguir se manter afastados o suficiente para lidar com o sucesso de maneira mais saudável. Talvez por isso estejam na ativa até hoje. Com o esfacelamento do grunge, eles já não causam o deslumbramento do passado, mas permanecem vivos.
O fim e os desmembramentos
A atitude grunge de ser absolutamente contra as instituições sociais e em prol da não cooperação com a mídia acelerou o seu fim. É consensual que ele nasceu fadado a durar pouco. Seria impraticável um movimento que durasse muito mais tempo sem que fizesse acordos com redes de televisão e gravadoras e deixasse seu som mais comercial. E isso, de parte das bandas de Seattle, definitivamente não iria acontecer.
Com isso em mente, as gravadoras começaram a investir em artistas que não gerassem tanto trabalho e vendessem tanto quanto as bandas de Seattle.
Para os fãs do rock de Seattle, o grunge morreu definitivamente em 1997, com a dissolução do Soundgarden.
Sem dúvida alguma, grande parte do rock produzido hoje em dia carrega influências do grunge. Para citar apenas alguns nomes: Staind, Linkin Park, Godsmack, Creed, Crazy Town, Days of the New, Puddle of Mud. Entretanto, não se pode falar de um movimento originalmente criado por tais bandas.
Por outro lado, assim como o grunge foi uma resposta ao que vinha sendo feito nos anos 80 (glam rock bands, new wave, psicodelismo, dance music), sua rápida e extremamente marcante passagem pela história da música provocou como reação uma nova avalanche de música eletrônica (Chemical Brothers, Prodigy, Fatboy Slim, Moby) e também a mudança de foco da mídia, que se transferiu dos Estados Unidos para a Inglaterra com o britpop do Blur e Oasis.
Além disso, houve a invasão avassaladora de artistas pop e a popularização do rap e do hip hop, como forma de refúgio aos que não gostavam deste tal de rock n roll. Seus representantes são mais fáceis de trabalhar, mais apegados ao estrelato e por que não dizer, mais descartáveis, movimentando constantemente o capital de giro. Britney Spears, 50 Cent, Christina Aguilera, N´Sync, Robbie Williams, Shakira, Rick Martin, Eminem. Nenhum desses nomes está aí por acaso.
Na perspectiva dos que esperam uma resposta do rock, com a calmaria da eletrônica e o esfuziamento do britpop, assistimos hoje à busca pela “salvação do rock” e a insistente tentativa de se criar um movimento. The Strokes? The Vines? White Stripes? Melhor não fazer previsões, quando a gente menos espera, o furacão passa de novo.
Fonte: Omelete



quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O MURO DE BERLIM.....20 ANOS DO FIM DA GUERRA FRIA



Por mais de 28 anos, o Muro de Berlim foi símbolo da divisão das duas Alemanhas. A muralha se estendia por 155 quilômetros e separava Berlim Ocidental de Berlim Oriental. Muito maior era a fronteira interna alemã, entre a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA), de regime comunista.

1961: Construção do Muro de Berlim


Início da construção do maior símbolo da Guerra FriaEm 13 de agosto de 1961, guardas da RDA começaram a fechar com arame farpado e concreto a fronteira que separava as partes oriental e ocidental de Berlim, bem como Berlim Ocidental do território da Alemanha Oriental.

O funcionário do Serviço de Defesa da Constituição de Berlim que estava de plantão no segundo fim de semana de agosto de 1961 não esperava ocorrências extraordinárias. Mas já na madrugada de sábado para o domingo, dia 13, ele foi surpreendido à 1h54 pela notícia de que o tráfego de trens entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental fora suspenso.

A abrangência do fato, porém, só ficou clara quando o dia amanheceu. A República Democrática Alemã (RDA) dera início à construção de um muro entre as duas partes de Berlim, cortando o acesso de 16 milhões de alemães ao Ocidente. "A fronteira em que nos encontramos, com a arma nas mãos, não é apenas uma fronteira entre um país e outro. É a fronteira entre o passado e o presente", era a interpretação ideológica do governo alemão-oriental.

Doris Bulau

Reação às fugas

A RDA via-se com razão ameaçada em sua existência. Cerca de 2 mil fugas diárias tinham sido registradas até aquele 13 de agosto de 1961, ou seja, 150 mil desde o começo do ano e mais de 2 milhões desde que fora criado o "Estado dos trabalhadores e dos camponeses". O partido SED puxou o freio de emergência com o auxílio de arame farpado e concreto, levantando um muro de 155 quilômetros de extensão que interrompia estradas e linhas férreas e separava famílias.

Ainda dois meses antes, Walter Ulbricht, chefe de Estado e do partido, desmentira boatos de que o governo estaria planejando fechar a fronteira: "Não tenho conhecimento de um plano desses, já que os operários da construção estão ocupados levantando casas e toda a sua mão-de-obra é necessária para isso. Ninguém tenciona construir um muro".

Nos bastidores, porém, corriam os preparativos, sob a coordenação de Erich Honecker e com a bênção da União Soviética. Guardas da fronteira e batalhões fiéis ao politburo encarregaram-se da tarefa. Honecker não tinha a menor dúvida: "Com a construção da muralha antifascista, a situação na Europa fica estabilizada e a paz, salvaguardada".

As potências ocidentais protestaram, mas nada fizeram. Para os berlinenses de ambos os lados da fronteira, a brutalidade do muro passou a fazer parte do cotidiano. Apenas 11 dias após a construção, morreu pela primeira vez um alemão-oriental abatido a tiros durante tentativa de fuga. A última vítima dos guardas da fronteira foi Chris Gueffroy, morto em fevereiro de 1989.

Queda após 28 anos

Por mais de duas décadas, o Muro de Berlim foi o símbolo por excelência da Guerra Fria, da bipolarização do mundo e da divisão da Alemanha.

Ainda no início de 1989, Honecker, no poder desde 1971, manifestava confiança em sua estabilidade: "O muro ainda existirá em 50 ou em cem anos, enquanto não forem superados os motivos que levaram à sua construção".

Apenas dez meses depois, em 9 de novembro daquele ano, os habitantes de ambas as partes da cidade caíam incrédulos nos braços uns dos outros, festejando o fim da muralha que acabou sendo derrubada pouco a pouco e vendida aos pedaços como suvenir. Menos de um ano depois, o país dividido desde o fim da Segunda Guerra foi unificado, mas a verdadeira integração entre as duas partes é um processo que ainda não terminou.


Ainda há berlinenses que lamentam queda do Muro

Restos do Muro de Berlim: passagem obrigatória de todo turistaMais de 10% dos berlinenses prefeririam que o Muro ainda existisse. Pesquisa aponta que preconceitos entre moradores dos dois antigos lados tendem a diminuir, mas ainda existem.

Segundo o cientista político Oskar Niedermayer, mais de 10% dos moradores das antigas Berlim Ocidental e Oriental gostariam que o Muro ainda dividisse a cidade. A pesquisa, realizada pelo Instituto Forsa para a Universidade Livre de Berlim (Freie Universität Berlin) consultou aproximadamente dois mil moradores da capital alemã e seus arredores.

Niedermayer observa que a mudança mais significativa de atitude em relação à ausência do Muro na cidade pode ser verificada entre a população da então Berlim Oriental: se hoje 12% dos moradores dizem que preferiam a cidade dividida, os "amantes do Muro" eram só 7% em 2004.

Em outras regiões, ao contrário, o sentimento de que a cidade "era melhor com Muro" era mais acentuado há quatro anos, quando enquetes realizadas pelos dois maiores institutos de pesquisa do país apontaram que aproximadamente 20% dos cidadãos tinham saudades dos tempos de Muro.

Preconceitos continuam existindo

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Bar 'de praia' com resquícios do Muro ao fundoMesmo que em proporções bem menores que nos anos 1990, muitos moradores da parte da cidade que pertencia à ex-Alemanha Oriental (ossis), de regime comunista, continuam mantendo precoceitos contra os então ocidentais (wessis). E vice-versa.

Nos anos que sucederam à queda do Muro, era comum encontrar moradores do leste do país afirmando que o a ex-Alemanha Oriental havia sido "colonizada" pelos ocidentais. Hoje, tais declarações são feitas quase que somente por minorias nos subúrbios ao leste de Berlim. No lado ocidental, por outro lado, continua disseminada a idéia de que os orientais nutrem um excesso de autocompaixão.

Um ponto que une aqueles que lamentam a queda do Muro é a data de nascimento: a maioria nasceu antes de 1973, ou seja, os preconceitos e o saudosismo em relação à cidade dividida está menos presente entre os jovens.

Pavilhão comemorativo

'Pavilhão do Muro' deverá ser construído na Bernauer Strasse. O Muro de Berlim foi derrubado na histórica noite do 9 de novembro de 1989, quando milhares de pessoas puderam, após décadas, cruzar livremente a fronteira entre as duas partes da Alemanha divida. Nos anos que se seguiram, foram demolidas 300 torres de controle e mais de 80 quilômetros de cerca de metal que circundavam a cidade. Mais tarde, foram removidas 160 mil toneladas de concreto.

Devido a uma reclamação constante dos turistas, que se dizem insatisfeitos com o pouco que restou do Muro para ser observado (apenas o Museu Checkpoint Charlie conta a história da barreira de concreto que dividia a cidade), a prefeitura de Berlim resolveu criar um "pavilhão do Muro", a ser inaugurado em 2009, quando da celebração dos 20 anos de queda do mesmo.


As mais espetaculares tentativas de fuga

Sempre houve quem tentasse fugir atravessando o Muro das mais variadas formas: através de túneis, carros, barcos, aviões ou simplesmente com escadas. Alguns tiveram sucesso. Outros, como Chris Gueffroy, um dos últimos a morrer na fuga, não conseguiram vencer a barreira. Casos curiosos ilustram o que foi a vida na fronteira.

■5 de dezembro de 1961 – Com uma locomotiva e alguns vagões, seis homens, dez mulheres e sete crianças partiram da estação ferroviária Albrechtshof, no Leste, rumo a Spandau, em Berlim Ocidental.


■24 de janeiro de 1962 – Pelo porão de uma casa bem na fronteira, 28 pessoas fugiram através de uma galeria subterrânea que passava por baixo de Oranienstrasse, no Ocidente. Este foi o primeiro dos muitos túneis de fuga construídos próximos à fronteira.


■8 de junho de 1962 – 14 alemães orientais seqüestraram um barco de passageiros no Spree, atravessando a fronteira pelo rio sob um tiroteio dos soldados da RDA.


■17 de agosto e 1962 – O pedreiro Peter Fechter foi ferido mortalmente por um tiro, ao tentar transpor o Muro na rua Zimmerstrasse. Os policiais da fronteira de Berlim Ocidental presenciaram sem poder prestar socorro ao jovem que se esvaía em sangue.


■26 de dezembro de 1962 – Uma metralhadora não pôde deter um ônibus blindado que cruzou em disparada o posto de controle Drewitz/Dreilindern, transportando duas famílias.


■5 de outubro de 1964 – 57 homens, mulheres e crianças rastejaram por mais de 150 metros em um túnel ligando a Strelitzer Strasse e Bernauer Strasse em Wedding. Na fuga, um soldado foi morto a tiros. Entre os que ajudaram a organizar a fuga, estava Reinhard Furrer, que mais tarde se tornou astronauta.


■29 de julho 1965 – Partindo do prédio dos ministérios, uma família de Leipzig fugiu em um funicular de fabricação amadora, passando por cima do Muro. Eles desceram no bairro de Kreuzberg, perto da fronteira, em Berlim Ocidental, onde ajudantes ocidentais haviam fixado o cabo.


■29 de agosto de 1986 – Na calada da noite, três berlinenses orientais irromperam a fronteira no Checkpoint Charlie, dirigindo um caminhão com um carregamento de pedras.


■5 de fevereiro de 1989 – Nove meses antes da queda do Muro, Chris Gueffroy, de 20 anos, levou um tiro pelas costas disparado por um guarda da fronteira. Ele havia tentado cruzar as barreiras perto do bairro ocidental de Neukölln.


■8 de março de 1989 – Winfried Freudenberg, de 32 anos, foi o último para quem transpor o Muro foi fatal. Ele morreu na queda de seu balão de gás de fabricação caseira no bairro de Zehlendorf.

■26 de maio de 1989 – Bem em frente ao prédio do Reichstag (Parlamento Alemão), situado no limite da fronteira, mas já do lado ocidental, aterrissaram dois ultraleves com um fugitivo de 34 anos de idade e as pessoas que o ajudaram na fuga.



Muro de Berlim caiu em 9 de novembro de 1989

Aquela entrevista coletiva de imprensa no horário nobre da televisão alemã conta entre as mais memoráveis do continente europeu. Günter Schabowski, porta-voz do governo da então Alemanha Oriental, acabara de anunciar a nova legislação sobre viagens do país. Devido a um mal-entendido, respondeu à pergunta de um jornalista italiano, a respeito do momento em que a lei entraria em vigor, com uma frase que se tornou famosa: "Pelo que sei, ela entra... já, imediatamente".

Como a entrevista era transmitida ao vivo e acompanhada tanto na Alemanha Ocidental como na Oriental, esse lapso de comunicação teve consequências abrangentes para a política mundial.

Pressão popular

Pois, logo em seguida, os cidadãos da República Democrática Alemã, de regime comunista, peregrinaram até a fronteira interna em Berlim. Durante três horas, os guardas de fronteira – que não haviam sido informados do novo regulamento – contiveram o afluxo humano.

Alemães orientais estendem a mão a guardas de fronteira no Checkpoint Charlie
No mais tardar quando a "TV do Oeste" montou suas câmeras e confirmou a sensacional notícia, ficou claro que naquela noite chegava ao fim a divisão da Alemanha, marcada pela construção do Muro de Berlim, em 21 de agosto de 1961.

Tarde da noite, naquele 9 de novembro de 1989, os agentes de segurança suspenderam sua resistência, abriram as passagens de fronteira berlinenses e deixaram as pessoas passarem do Leste para o Oeste e vice-versa, sem que fossem controlados.

Inspiração de Gorbachev
Manifestação de segunda-feira em Leipzig
Durante meses, milhares de cidadãos da Alemanha Oriental vinham realizando passeatas e exigindo com veemência reformas políticas. As "manifestações de segunda-feira", em especial, pelas ruas de Leipzig, já tinham se tornado famosas.

Os manifestantes escandiam: "Nós somos o povo!" e "Gorbil! Gorbil!", referindo-se ao secretário-geral do partido comunista russo, Mikhail Gorbatchev (1931). Desde 1985, ele vinha realizando reformas na União Soviética, numa nova política que os habitantes da RDA também desejavam para si.

Porém, por total falta de espírito reformista, o governo de Erich Honecker (1912-1994) bloqueara as mudanças, precipitando, assim, seu próprio fim.

Fruto da falta de confiança

Em 18 de outubro de 1989, Honecker fora substituído por Egon Kreuz (1937) no cargo de secretário-geral do partido e presidente do Conselho de Estado. Porém, nem isso pôde conter a derrocada do governo comunista da RDA.

Em 4 de novembro, cerca de meio milhão de pessoas haviam se reunido na praça Alexanderplatz, em Berlim Oriental, para protestar em prol de uma reforma do Estado. A partir dessa poderosa manifestação ficou claro que o novo governo não contava com a confiança popular. Cinco dias mais tarde era aberto o Muro. Ao mesmo tempo, tornavam-se cada vez mais fortes as exigências de que se fundissem os dois Estados da Alemanha.

Resistência inglesa e francesa

Algumas semanas após a queda do Muro de Berlim, e em meio ao clamor crescente pela reunificação, iniciou-se, às vésperas do Natal de 1989, um intenso tráfego diplomático na RDA.

A França e a Inglaterra, em especial, mostravam-se ressabiadas diante da perspectiva de uma Alemanha grande e economicamente forte, no centro do continente. Elas tentaram, se não impedir, pelo menos subordinar a certas condições políticas a união da República Federal da Alemanha e da República Democrática Alemã.

Entre o povo e as potências europeias

O chanceler federal da RFA, Helmut Kohl (1930), registrou publicamente tais temores num discurso acompanhado pelo mundo inteiro, diante das ruínas da Igreja Frauenkirche, de Dresden, em 19 de dezembro.

Naquela noite, Kohl confirmou, por um lado, a intenção de respeitar a vontade da população da RDA, qualquer que ela fosse. Por outro lado, reconheceu que uma unidade alemã só seria possível "numa casa europeia". A unidade alemã e do continente eram, portanto, dois lados de uma mesma moeda.

Dessa forma, o chefe de governo rechaçava peremptoriamente uma Alemanha reunificada neutra, num posicionamento que lhe valeu o aplauso frenético dos cidadãos da RDA presentes.

Ainda assim, dois dias mais tarde, o então presidente francês, François Mitterand (1916-1996), voou para a RDA a fim de evitar uma "anexação" desta à RFA. No início de 1990, o processo de unificação de ambos os Estados alemães foi integrado num processo internacional, o qual considerava tanto os interesses dos alemães quanto o das potências aliadas vencedoras da Segunda Guerra Mundial.

Autor: Matthias von Hellfeld
Revisão: Soraia Vilela

Fonte:DW-WORLD.DE